domingo, 7 de novembro de 2010

A internet e a nova configuração do eleitorado brasileiro

Por Frederico Franz Lopes Bastos

Como bem apontado por post anterior deste blog, em tempos em que a Classe C consolida-se com a maior fatia da população brasileira e que essa mesma classe descobre (ou redescobre) a internet, é importante olharmos para o comportamento do usuário da internet no que tange à política.

Muitas esferas da vida social já têm contrapartes virtuais. É natural que no ano eleitoral em que o acesso à internet no Brasil bateu recordes, essa mídia exercesse, senão uma influência, uma pressão para que o debate político ganhasse novos tons e se reaproximasse do eleitor, neste caso, também usuário.

O eleitor brasileiro, submetido ao voto compulsório, é visto às vezes como um ator social apolítico, como aponta o cientista político Alberto Carlos Almeida, em seu ensaio "Amnésia eleitoral: em quem você votou para deputado em 2002? E em 1998?", publicado no livro "Reforma Política: Lições da História Recente" (FGV). Porém, com o advento da internet, esse mesmo cidadão se reconhece como eleitor-usuário e mostra-se engajado, usando das ferramentas disponíveis (linguagem imagética, jogos online, sátira, ironia e etc.) para expressar uma opinião nada apolítica.

Um exemplo repleto de significação é o vídeo ¨DilmaBoy¨, postado várias vezes no Youtube e cujas visualizações somadas ultrapassam os 4 milhões. No vídeo, um jovem parodia a música ¨Telephone¨ de Lady Gaga e faz uma ode à então candidata à Presidência, Dilma Roussef. Há comparações sofisticadas, como a argentina Evita Perón, e referências mais populares como o rebolation.




Seguindo o mesmo raciocínio, mas não a mesma linha, o então candidato à Presidência José Serra também ganhou popularidade online. Em virtude de um cacófato, Serra se tornou um dos assuntos mais comentados no microblog Twitter em 18 de agosto de 2010. No vídeo, a preposição "como" pode ser confundida com o verbo flexionado "como", do verbo comer.


Jogos online como o ¨Dilma's Adventure¨ e também o ¨jogo da bolinha de papel¨ continuam a transmitir mensagens através de ações supostamente despretensiosas. Cabe refletirmos sobre  a importância desse eleitor-usuário no cenário político atual e sobre como a administração de canais online pode ser crucial para o sucesso de uma ação política.  Os exemplos são incontáveis e não se restringem apenas aos candidatos à presidência.

Um comentário:

  1. Olá Frederico. Fiquei curioso para ver o cacófato. E horrorizado depois que vi! O Homem come todo mundo!!! Que horror!!! O link "post anterior deste blog" leva ao post da Débora? Então você poderia ter apontado pela autora: "Como apontado no post da Débora"...
    Assunto legal! O texto está muito bom. Os links também. Parabéns!
    Prof. Guilherme

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