quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Do desejo de participar à colaboração

por Sylvia Leite

Embora sejam inúmeras as mudanças impressas pelas mídias sociais nas formas de se comunicar e fazer negócios, há um acontecimento fundamental que de alguma maneira engloba todos os outros: o poder de opinar, influenciar, participar, inovar e co-produzir que o cidadão comum adquire ao usar essas redes.

Trata-se de um fenômeno que tende a se intensificar, tanto pelo crescimento do número de usuários nas redes, como pelo desejo cada vez maior do cidadão comum de se expressar, colaborar, ser ouvido e reconhecido.

O caso da guitarra

Hoje os consumidores podem atuar como difamadores ou advogados de uma marca, a depender do relacionamento que a empresa estabeleça com eles.

Entre os inúmeros exemplos, um dos mais conhecidos é o do músico que teve a guitarra quebrada num vôo da United Airlines. Como não conseguiu ser reembolsado pela empresa, ele respondeu com o vídeo de protesto “United Break Guitars” que teve milhões de acessos no YouTube, e fez cair as ações da empresa.

Os defensores

No sentido contrário, a Azul Linhas aéreas conta com cerca de 90 mil internautas que trabalham gratuitamente para divulgar sua marca, ao produzir fotos, vídeos e textos que narram histórias de viagens e abastecem a rede social viajamos.com.br mantida pela empresa.

Os mecanismos estabelecidos por esse tipo de comunicação horizontal nascida com as mídias sociais têm servido não apenas para regular as relações entre empresa e consumidor, mas também para estimular a colaboração.

Colaboração
O desejo de participar, e ser reconhecido por isso, ajuda a manter inúmeros fóruns de colaboração, onde pessoas trabalham gratuitamente ou por recompensas simbólicas. Um bom exemplo é o movimento de software de livre, que mobiliza milhares de profissionais no desenvolvimento de programas de código aberto como o Linux.

A colaboração terá importância cada vez maior na inovação tecnológica e no desenvolvimento de produtos. No início eram apenas nerds sonhadores que trabalhavam pelo software livre e colaborativo. Hoje as empresas começam a entender que a colaboração favorece a todos. Caso da Procter & Gamble que já lançou mais de um produto desenvolvido de forma aberta com intermediação da InnoCentive – empresa que recebe desafios de desenvolvimento e repassa a cientistas do mundo inteiro.

Revolução

Em resumo, as redes deram início a uma virada nas relações sociais e de trabalho. As oportunidades de desenvolvimento, antes só encontradas dentro das empresas e das universidades, hoje estão diluídas pela web. Desenvolvedores como John Osher não precisam mais se prender a uma organização para conseguir trabalhar.

E o comportamento pessoal, que tinha se individualizado muito a partir da revolução industrial, agora tende a se coletivizar com a retomada, uma oitava acima, do sistema de trocas e dos sinais de fumaça.

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